Cada vez fica mais visível a grande quantidade de horas que as crianças e adolescentes estão sendo expostos as tecnologias virtuais. Os pais não devem deixar as crianças além do tempo necessário para a realização de tarefas virtuais.No caso de adolescentes que tem hábito de se divertir com jogos, fica a atenção dos pais quanto a escolha dos games, pois muitos jogos incitam a agressividade e até comportamentos suicidas, como por exemplo, o  jogo baleia assassina. Torna-se necessário um controle de tempo já que podemos encontrar crianças e adolescentes viciados em tecnologia passando horas na frente da tela sem fazer qualquer outra atividade.

Durante a semana, é recomendável que as atividades da escola sejam prioridades, deixando o tempo do videogame apenas para os finais de semana. Os pais devem apresentar as crianças outros tipos de passatempo, como quebra-cabeças, jogos de memória, etc. Além de serem interessantes podem estimular o raciocínio. No entanto, na prática médica, percebemos a grande dificuldade dos pais em regular este tempo, inclusive quando se trata de uma geração Z ou alfa, onde tudo se baseia em tecnologia. 

Especialistas têm relatado que o tempo de maturação do córtex pré-frontal, área cerebral responsável pelas funções cognitivas e executivas do controle dos impulsos, julgamento, atenção, inibição, tomada de decisões e de resolução de problemas não é sincrônico com o sistema límbico (área estimulada pelas emoções). Este descompasso é intensificado entre os 10-12 anos até os anos seguintes. Isso explica os comportamentos típicos dos adolescentes, como a baixa percepção do perigo, a curiosidade e a impulsividade, onde arriscam seus próprios limites, demonstrado através dos jogos, dos desafios virtuais e “selfies” em locais impróprios. Tais comportamentos passam a ser replicados e muitos se aventuram ainda mais, a ponto de aliviar o tédio, a depressão ou estresse. A internet muitas vezes serve como meio de gratificação onde os “likes” por estes comportamentos, sejam nos jogos ou redes, passam pelo sistema de recompensa, havendo liberação de dopamina, o que gera um prazer transitório. Além disso, o excesso de estímulos luminosos pelas telas diminui a produção de melatonina, acarretando diminuição da quantidade e da qualidade do sono. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua classificação internacional das doenças (CID-11) codificou como distúrbio o vício em jogos eletrônicos, assim como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),codificou como Transtorno do Jogo pela Internet. Este transtorno é diagnosticado pelo uso persistente e recorrente da internet para envolver-se em jogos, levando a prejuízo significativo ou sofrimento por cinco (ou mais) dos seguintes sintomas em um período de 12 meses: 1. Preocupação com jogos eletrônicos, tornando-se a atividade dominante na vida diária; 2. Sintomas de abstinência quando os jogos são retirados (irritabilidade, ansiedade ou tristeza, mas  não há sinais físicos de abstinência farmacológica); 3. Necessidade de passar  cada vez mais tempo jogando; 4. Tentativas fracassadas dede controlar a participação nos jogos; 5. Perda de interesse em antigos passatempos e divertimentos; 6. Uso excessivo continuado de jogos pela internet, apesar do conhecimento dos problemas psicossociais; 7. Enganar a família, terapeutas ou outros quanto ao tempo gasto com os jogos; 8. Uso dos jogos para evitar ou aliviar o humor negativo; 9. Colocar em risco ou perder relacionamentos, emprego ou oportunidade educacional ou de carreira devido à participação em jogos pela internet.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (2019) recomenda que os pais: 

-evitem a exposição de crianças menores de 2 anos às telas de computador e/ou celular..

– estipulem um tempo em que ela fará uso dos jogos, ou vídeos, geralmente de 30 minutos até uma hora por dia para crianças de 2 a 5 anos, sempre com a supervisão dos pais/responsáveis. 

-limitem o tempo de uso das telas para no máximo duas horas diárias para crianças de 6 aos 10 anos de idade.

– estipulem um tempo de telas e jogos de videogames para 2 a 3 horas por dia para a faixa etária dos 11 aos 18 anos, evitando que fiquem trancados no quarto ou “virem a noite”. 

-desconectem as telas de 1 a 2 horas antes do horário de dormir.

– desconectem todos os aparelhos nos horários de refeição.

Devemos ter a consciência de que os limites também representam uma forma de amar os filhos e que a educação baseada em valores e princípios, é de competência exclusiva dos pais!

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